Ao longo dos anos, os produtores agrícolas têm enfrentado mais problemas com relação ao surgimento de plantas daninhas resistentes e tolerantes a defensivos agrícolas, e isso tem ocorrido por uma série de fatores, cujos principais são falta de rotação de culturas e de mecanismos de ação de herbicidas.
Existem basicamente dois tipos de resistência: Cruzada e múltipla. A primeira refere-se a plantas daninhas que desenvolveram apenas um mecanismo de resistência, sendo resistentes aos herbicidas do mesmo mecanismo de ação (por exemplo, resistência ao glifosato cujo mecanismo de ação é a inibição da EPSPS). A segunda trata-se de plantas que desenvolveram mais que um tipo de mecanismo de resistência e, portanto, são resistentes a mais de um tipo de mecanismo de ação de herbicidas (por exemplo, resistência ao glifosato + 2-4D, cujos mecanismos de ação são inibidor da EPSPS e mimetizador de auxinas, respectivamente).
Os dois grupos que mais possuem casos de resistência são os inibidores de ALS (sistêmicos, seletivos e muito utilizados para o controle de plantas daninhas de folha larga e estreita em pós-emergência inicial da cultura da soja, como Imazethapyr, Imazapyr e Chlorimuron) e os que atuam no fotossistema II (possuem uma ampla gama de produtos, mas sendo principalmente sistêmicos e podendo ser utilizados tanto em pré-emergência como em pós-emergência das plantas daninhas de folha larga e estreita, como Atrazina e Diuron, bastante utilizados em cana-de-açúcar.
Com o advento da tecnologia RR, o herbicida glifosato (mecanismo de ação EPSPs) passou a ser amplamente utilizado no controle de plantas daninhas, no entanto isso desencadeou casos de resistência de plantas daninhas, principalmente a buva (C.bonariensis, C.canadensis e C.sumatrensis), planta de mais difícil controle no Brasil no cultivo de grãos (soja e milho, principalmente). Estima-se que 90 % da área do Brasil cultivada com soja é resistente ao glifosato (Dionísio Luiz Pisa, eng. agrônomo da Embrapa Soja). Para se ter uma ideia do prejuízo ocasionado, uma planta de "buva" (Conyza bonariensis) por metro quadrado pode resultar em perdas de 4 a 12 % na cultura da soja (Nortox).
Para contornar essa situação, herbicidas de outros mecanismos de ação passaram a ser utilizados, entretanto, a buva tem se tornado resistente a outros produtos, além do glifosato (Heap, 2020), e a explicação para isso pode estar no fato de não haver rotação de mecanismos de ação no curto espaço de tempo e a buva ser uma planta com grande taxa de reprodução, produzindo mais de 200.000 sementes por planta (BHOWMIK & BEKECH, 1993), sendo estas facilmente transportadas pelo vento, podendo levar populações resistentes de uma região para outra. Abaixo são listados alguns exemplos de detecção de resistência da buva a diferentes princípios ativos de herbicidas ao longo do tempo:
Assim, até o ano de 2021, já foram encontrados 6 mecanismos de ação de herbicidas que a buva se mostrou resistente (EPSPS, ALS, PSI, inibidores de PPO, PSII e mimetizadores de auxinas), tornando o controle dessa erva daninha cada vez mais complexo.
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