O herbicida mais utilizado para controle de plantas daninhas é o glifosato, visto que este se trata de um produto sistêmico e de amplo espectro de controle, além de ser de baixo custo.
No entanto, várias espécies de plantas se tornaram resistentes ao glifosato ao longo do tempo, em função da grande pressão de seleção. Conforme a Base de Dados Internacional de Plantas Daninhas Resistentes (WeedScience), no Brasil, dos 54 relatos de plantas daninhas resistentes à herbicidas, 11 espécies se referem à resistência ao glifosato, dentre esses as espécies de buva (Conyza bonariensis, Conyza canadensis, Conyza sumatrensis), capim-amargoso (Digitaria insularis), azevém (Lolium multiflorum), dentre outras.
Visando uma maior eficiência no controle de plantas daninhas, a prática da mistura de herbicidas é bastante comum entre os produtores agrícolas, e isto ocorre em função de que herbicidas de ação total, como por exemplo o glifosato, não controlam de forma eficaz determinadas invasoras, como a buva, por exemplo, que possui resistência. Sendo assim, são adicionados ao tanque de pulverização um ou mais agroquímicos que irão controlar de forma satisfatória. Outro motivo pelo qual pode se utilizar da mistura de herbicidas é decorrente do efeito benéfico desta, como por exemplo glifosato + saflufenacil, que será abordado nos parágrafos seguintes. No entanto deve-se ter um cuidado especial para a prática da mistura, pois um herbicida pode prejudicar a ação de outro, ou ainda ambos serem menos satisfatórios quando aplicados em conjunto.
A fim de facilitar a tomada de decisão, o presente material tem como objetivo abordar as misturas sinérgicas de herbicidas, isto é, quando o efeito da mistura é superior ao da aplicação dos produtos individualmente. As misturas podem apresentar vantagens em comparação à aplicação de um único composto devido ao aumento da eficiência contra os organismos alvo e à diminuição das quantidades aplicadas, além da redução de custos (GUIMARÃES et al., 2014; GAZZIERO, 2015).
Santos. C. A; Ribeiro, J. C. Desafios e Sustentabilidade no Manejo de Plantas. Editora Atena, 2019.
Melo, M. S. C. Alternativas para o controle químico de capim-amargoso (Digitaria insularis) resistente ao glyphosate. Revista Brasileira de Herbicidas, v.11, n.2, p.195-203, mai./ago. 2012. Disponível em: http://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/view/145/pdf.
Osipe, J. B. Espectro de controle, comportamento em misturas e intervalo de segurança para a semeadura de soja e algodão para os herbicidas dicamba e 2,4-D . 2015. Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Estadual de Maringá.
Barroso, A.A.M. Interação entre herbicidas inibidores da ACCASE e diferentes formulações de glyphosate no controle de Capim-amargoso. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 32, n. 3, p. 619-627, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pd/a/XdJbw4YhDdqDnZZZmm5SjFH/?lang=pt&format=pdf
Vidal, R.A; Association of glyphosate with other agrochemicals: the knowledge synthesis. Revista Brasileira de Herbicidas, v.15, n.1, p.39-47, jan./mar. 2016. Disponível em: http://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/view/428